
Eles estavam lá. Meus olhos curiosos na verdade não os via, mas eu sabia que eles estavam lá, entre as nuvens, pendurados no céu, muito perto do sol que derramava no campo fartas gotas de mel. Entre os anjos um anjo maior feito de rijo caule, e folhas que se desfaziam em miríades de luzes piscando como vaga-lumes. Era uma festa para a qual eu me sentia convidado. Sei que se fizesse um esforço juntar-me-ia ao exército angelical. Era o que minha mãe dizia, entregue à lida da casa. Um esforço, filho, apenas um simples esforço fará com que estejas bem perto deles. Mas não. Eu queria ficar na terra, no campo perfumado de mel, vendo-os entre fiapos de nuvens. Eles lá eu aqui na terra muito humano e pecador. Bastava-me vê-los, saber de sua existência. De súbito punha-me a correr sem destino pelo campo, sentindo o vento fustigar o rosto. Correr; eu queria correr muito em direção ao infinito. Assim eu comprendia a vida.
Belo trabalho. Belo texto. Perfeita integração
ResponderExcluirFESTA NO CEU era uma história que meu pai contava. Ele colocava os seis filhos ao redor da cama, fazia a gente rezar e só quem rezasse ouviria a história. Eu gostava muito da parte em que os cachorros perdiam o rabo e ficavam procurando. Com câncer no fígado, antes de morrer meu pai, a meu pedido, contou-me novamente a história.Perguntei: e daí? Qual é a moral da história? E , aos 34 anos, ouvi pela última vez a história da FESTA NO CEU, com uma diferença, antes de morrer ele me disse que a moral da história é que no mundo a gente deve se preocupar com a própria cola.Sempre que olho pras nuvens penso em meu pai e penso se ainda são feitas as festas no ceu...
ResponderExcluirQue texto lindo... Que linda "visão!
ResponderExcluirBj, Tê!