terça-feira, 2 de junho de 2009

Arroio Pelotas


Foram-se os anos e ficou a lembrança dos banhos no Arroio Pelotas. Nas tardes quentes de verão, quatro ou cinco moleques nadavam na sossegada água, entregues às recordações do tempo dos escravos que por ali viviam, envolvidos na labuta das charqueadas. De quando em quando ouvíamos, trazidos pelo vento, sons de gemidos, gritos, oriundos do mato próximo. Nossa pele ficava eriçada, olhar arregalado. Logo a gritaria recomeçava, mas nosso olhar, de quando em quando, alongava-se em direção aos bosques próximos, na esperança de vermos fantasmas enegrecidos caminhando às margens do arroio.

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Manoel Soares Magalhães, 54 anos, é pelotense. Jornalista, escritor e pintor naïf, tem cinco livros publicados: Guerra Silenciosa – livro-reportagem; Dois Textos Marginais – contos; O Abismo na Gaveta – romance; O Homem que Brigava com Deus – romance; Vampiros - romance. Magalhães também é autor teatral e roteirista de cinema. Em 1982 ganhou o Prêmio João Simões Lopes Neto – gênero teatro, e em 2005, no mesmo Prêmio – gênero contos, foi finalista com o conto A Mosca, publicado na antologia de Contos João Simões Lopes Neto. Atualmente, além de escrever, prepara exposição de arte, pintando as charqueadas e os casarões de Pelotas no estilo naïf (primitivo). Como jornalista trabalhou no Diário Popular, Pelotas; no Diário Catarinense, Florianópolis; e Correio Braziliense, Brasília. Viajou pelo país como free-lance, vendendo reportagens para vários jornais brasileiros.