
Foram-se os anos e ficou a lembrança dos banhos no Arroio Pelotas. Nas tardes quentes de verão, quatro ou cinco moleques nadavam na sossegada água, entregues às recordações do tempo dos escravos que por ali viviam, envolvidos na labuta das charqueadas. De quando em quando ouvíamos, trazidos pelo vento, sons de gemidos, gritos, oriundos do mato próximo. Nossa pele ficava eriçada, olhar arregalado. Logo a gritaria recomeçava, mas nosso olhar, de quando em quando, alongava-se em direção aos bosques próximos, na esperança de vermos fantasmas enegrecidos caminhando às margens do arroio.
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